A hora de agir é agora e não no “pós coronavirus”
Tem sido muito fácil encontrar material na internet a respeito do que será da economia pós-pandemia de coronavírus. No entanto, a verdade…
Tem sido muito fácil encontrar material na internet a respeito do que será da economia pós-pandemia de coronavírus. No entanto, a verdade é que, para o varejo, as mudanças já estão em pleno curso e precisamos estar atentos agora aos movimentos do mercado para entender como reposicionaremos nossas marcas quando o período de quarentena for relaxado.
Uma base interessante para saber o quanto o nosso consumidor já mudou por conta da pandemia e como ele tende a se comportar a partir de agora é o estudo do Instituto Locomotiva sobre os hábitos de consumo da população de 72 cidades do país nas últimas semanas em que o isolamento social é recomendado em todos os estados brasileiros.
Os dados obtidos através de entrevistas com 1.131 pessoas são valiosos e mostram o impacto profundo que a situação que vivemos terá sobre o consumo. A maior mudança diz respeito à pesquisa de preços. Ao todo, 98% dos entrevistados afirmam que aumentaram suas ações de comparação e preço — 58% dizem ter aumentado muito mais.
Em complemento, os participantes da pesquisa revelam aumento expressivo da experimentação de novas marcas (82%) e redução do tempo de compra (70%). Por fim, 71% das pessoas apontaram uma melhora na divisão dos trabalhos domésticos, com maior equilíbrio entre homens e mulheres dentro de casa.
O levantamento também questionou os entrevistados a respeito dos meios de compra. É evidente que as compras online apresentaram importante elevação nesse período, com a circulação nas ruas restrita e a maioria das lojas fechadas. Porém, essas semanas parecem indicar que os hábitos serão alterados a longo prazo.
Conforme os participantes, 32% afirmam pretender reduzir o consumo em lojas físicas depois do fim da quarentena. Outros hábitos também parecem estar em fermentação.
Ao todo, 53% dizem que irão diminuir as compras em lojas de departamento, o que pode indicar uma preferência por marcas menores e, talvez, com maior valorização da consciência social e ambiental das marcas.
Ao mesmo tempo, 49% dos entrevistados garantem que vão aumentar o volume de compras através de sites e aplicativos. Já agora os números são expressivos. O Instituto Locomotiva questionou sobre os produtos comprados online durante a quarentena. Entre as categorias listadas, de 10% a 17% dos participantes disseram que começaram a comprar online nos dias de isolamento.
E esses novos hábitos têm alcançados grupos-chave para o mercado: a faixa etária acima dos 50 anos e as classes C, D e E. Ou seja, conjuntos de milhões de pessoas que adotaram o e-commerce na pandemia e tendem a manter esses hábitos. São volumes de consumidores que desequilibram qualquer balança.
Assim, o varejista não tem condições de pensar em como será seu negócio somente no “pós-coronavírus”. É necessário reformular suas ações agora, pois o consumidor já mudou, adquire novos hábitos e um grande contingente de pessoas antes fora do universo de compras online passou a contar com um novo rol de exigências, já vistos em classes mais altas e jovens. A mudança já chegou e o varejo precisa agir agora, abraçando a digitalização e repensando seu posicionamento junto ao público.