A transformação digital nos escritórios de advocacia
A transformação digital, como temos visto, é um imperativo para todos os setores da economia. E há um deles que tem demorado muito a se…
A transformação digital, como temos visto, é um imperativo para todos os setores da economia. E há um deles que tem demorado muito a se movimentar nesse sentido, a despeito de algumas características e oportunidades que poderiam ser motivo para acelerar a adoção da TD. Estou falando do direito, que tanto aqui quanto fora do país tem implementado ações de transformação digital em ritmo bastante lento.
O tema é bastante amplo e, portanto, vou dividi-lo em dois artigos. Hoje, pretendo me concentrar no que faz o setor do direito ter condições de adotar de maneira eficiente e rápida a TD. Já na semana que vem vou falar sobre as oportunidades e os ganhos que escritórios de advocacia podem obter com medidas de transformação digital.
Para começar, vamos explorar as vantagens que o direito possui frente a outros setores e que poderiam impulsioná-lo a abraçar a TD. Em primeiro lugar, há um aspecto financeiro. Por ser um serviço essencial, o direito tende a sofrer menos com os abalos de crises econômicas. Assim, há maior capacidade de investimento em transformação digital nesse setor do que em muitos outros da nossa economia, com problemas há alguns anos e que tendem a se agravar com os efeitos da pandemia de coronavírus que vivemos.
Por outro lado, essa situação também pode ser entendida como um freio à TD nesse ambiente. Em muitos casos, são justamente as dificuldades econômicas encontradas pelas empresas que fazem com que elas busquem soluções inovadoras para aumentar sua base de clientes, fidelizá-los e, com isso, superar os obstáculos da crise.
Por mais contraintuitivo que isso possa parecer para quem lida com TD, a verdade é que quando tudo vai bem, a tendência das lideranças é acreditar que as coisas não devem ser mudadas e que as ações atuais continuarão sendo suficientes. É o famoso “time que está ganhando não se mexe”. O que esse pensamento não reflete é que os tempos de bonança são os melhores para modificar conceitos, permitindo que a empresa esteja pronta para mudanças de cenário no futuro e seja ainda mais bem-sucedida.
Além disso, há um aspecto exclusivo do direito que deveria estimular as firmas a se digitalizarem. Nos últimos anos, Estados Unidos, União Europeia e também o Brasil criaram leis de proteção de dados, com adoção obrigatória por todas as empresas. A implantação das exigências dessas legislações demandarão a participação de profissionais de direito especializados.
No entanto, movimentos nessa direção por parte de empresas de advocacia seguem em ritmo lento, com poucas firmas buscam especializações e maneiras diferenciadas de atender essa demanda do mercado, que promete ser lucrativa e um grande diferencial para os escritórios que se posicionarem na frente.
Essa é, portanto, uma oportunidade valiosa de as empresas do setor realizarem seu procedimento de transformação digital com vistas a garantir um melhor atendimento de clientes que precisam se adequar às novas leis ao mesmo tempo em que racionalizam seus processos, reduzindo custos e aumentando sua competitividade em um mercado altamente acirrado. Volto com mais sobre o tema na semana que vem, com algumas ações práticas no campo da TD para o direito.