Acessibilidade: o básico para tirar produtos acessíveis do papel
Quando falamos de acessibilidade hoje em dia, é inevitável pensarmos na criação de produtos digitais mais inclusivos que possam ser usados…
Quando falamos de acessibilidade hoje em dia, é inevitável pensarmos na criação de produtos digitais mais inclusivos que possam ser usados por todas as pessoas, afinal a internet é um espaço público como qualquer outro.
Mas como é possível criar produtos digitais acessíveis? Quais são os principais requisitos para tirar projetos inclusivos do papel?
Bom, não há uma única resposta certa para essas perguntas. Porém, acredito ser importante compartilhar o pensamento de que produtos acessíveis não devem ser pensados e desenvolvidos por quem não vive a falta de inclusão na pele.
Vou dar um exemplo. Suponha que um jovem Product Owner precise criar um aplicativo para pessoas mais velhas. Se esse PO não tem uma boa noção de quais são os principais problemas de usabilidade para idosos, qual é a chance do produto subir para produção cheio de percalços que dificultam a experiência do usuário?
Certo, a chance é grande. O mesmo acontece quando pessoas que não têm mobilidade limitada são as únicas envolvidas num projeto direcionado a pessoas que as têm. Como um designer sem deficiência vai desenhar produtos para pessoas de baixa capacidade auditiva, cognitiva e visual?
Essa questão é muito importante. Ignorar as necessidades reais de pessoas com deficiência é ignorar aproximadamente 45 milhões de usuários, só no Brasil. Além disso, nenhuma empresa quer admitir abertamente aos seus consumidores que está criando produtos exclusivos.
Em paralelo, a inclusão e a representatividade de PCDs (pessoas com deficiência) é cada vez mais urgente nas empresas. Isso acontece porque só pessoas que vivenciam situações cotidianas podem apontar as melhores funcionalidades e a melhor jornada dentro de um produto digital acessível, seja ele um app, um e-commerce ou um blog.
Nesses momentos, é crucial entender qual é o produto ideal junto ao usuário.
Se ainda resta alguma dúvida de como fazer isso, aqui vai uma dica: chame o usuário, veja como ele se comporta ao usar sua aplicação, note quais são os maiores problemas de acessibilidade e o que deve ser feito para evitá-los no seu produto.
Além disso, quando lançar versões mais acessíveis, não deixe de pedir o feedback constante do usuário. Sem feedback, é altamente provável que seu produto continue falhando na hora de corresponder às expectativas de todos os usuários.
Uma das grandes sacadas para criar produtos acessíveis é fazer a acessibilidade parte da rotina do time de desenvolvimento, e não uma ação separada que acontece de vez em quando.
Na prática, isso quer dizer que:
Todas as novas funcionalidades do produto devem ser e estar acessíveis;
Critérios de acessibilidade devem ser definidos e levados em consideração no definition of done (definição de pronto);
O legado do produto deve ser revisado, mesmo que de pouco em pouco, para torná-lo mais acessível.
É claro que há muito mais a ser feito. A navegação deve ser repensada; o conteúdo, adequado; a usabilidade, frequentemente testada. Lembre-se de que estamos falando de rotina, o que implica uma série de ações que devem ser implementadas e melhoradas ao longo do tempo.
Trabalhe com feedback constante, veja o que outros times que são referência estão fazendo, estude sobre sobre o tema. Mas, acima de tudo, mantenha um canal aberto e empático de comunicação para entender a acessibilidade de verdade, sem achismos.
Por fim, é importante deixar claro que acessibilidade não é uma questão de caridade ou altruísmo. Ela é um requisito básico e as empresas que não se atentarem a ela deixam de conquistar uma fatia importantíssima do mercado.