Como o coronavirus fez os fundadores de startup a amadurecerem (e tomarem decisões) rápido
Tenho debatido nesse espaço como a pandemia de coronavírus já tem alterado o cenário da economia em diferentes setores, com aprofundamento…
Tenho debatido nesse espaço como a pandemia de coronavírus já tem alterado o cenário da economia em diferentes setores, com aprofundamento de iniciativas de digitalização e a construção de novos hábitos. Hoje, vou tratar de um certo específico: as startups. Recentemente, li um excelente artigo assinado por Rolfe Winkler no Wall Street Journal com um panorama muito completo sobre como diversas startups americanas tiveram que readequar processos e expectativas por conta do coronavírus.
Vale muito a pena ler o texto com atenção, especialmente para as pessoas que trabalham com serviços e tem uma presença online ativa. Tirando, é claro, a parte onde as cifras milionárias que algumas startups captam junto aos investidores, algo ainda muito longe da nossa realidade, as experiências dos empreendedores narradas no texto podem ser muito válidas para sermos como agir nesse momento e também daqui para frente.
Para mim, o ensinamento principal que o momento que passamos nos deixará (e que algumas pessoas na indústria teimavam em não admitir antes dele) é sobre a necessidade de sermos cada vez mais ágeis em nossas ações. Paradigmas modernos que preconizam a velocidade acima do planejamento eram descartados com veemência por muitos empresários e gestores com visão estreita sobre a transformação digital.
Agora, no entanto, essas mesmas pessoas estão sendo obrigadas a se render a essa quase obviedade para alguns ou, nos piores casos, sofrendo graves consequências por essa postura ainda reticente com a TD e as mudanças profundas que ela deve impor aos processos e à organização de uma empresa.
O artigo de Winkler expõe de forma clara como as startups que têm atravessado essa dificílima situação da melhora maneira — e com o melhor prognóstico pós-pandemia — são aquelas que agiram de forma quase imediata às medidas de isolamento social e conseguiram, no limite, se antecipar aos problemas que foram e ainda serão criados pelas longas semanas de comércio fechado e circulação restrita.
Ainda que algumas medidas possam ser bastante duras, como corte de salários ou colaboradores e interrupção de uma parcela considerável das atividades por períodos ainda indefinidos, elas são essenciais para a sobrevivência da empresa agora e sua retomada com consistência no futuro. E devem ser tomadas o quanto antes. Ao retardá-las, a empresa corre risco muito maior.
Agir rápido, porém, não é uma questão de vontade. É preciso agir rápido e certo. E, para isso, deve-se ter à disposição muita informação para criar hipóteses, desenhar cenários e identificar as oportunidades de ação e suas consequências. Eis o segundo paradigma da TD que muita gente ainda tenta ignorar ou desprezar: dados e capacidade de análise.
Na economia de hoje, sem saber avaliar o momento e medir o impacto das ações não tem ímpeto de agir rápido que dê jeito. Decisões desinformadas serão tomadas corretamente apenas por sorte, sem garantia de que darão certo. Quando, como no período atual, nossas decisões e a velocidade delas pode determinar o futuro do negócio, essa situação se torna ainda mais urgente. E muitas empresas estão aprendendo isso na marra.
É um quadro delicado, mas que deve ser enfrentado e experiências como as do artigo do WSJ podem dar um norte e estimular a adoção de medidas necessárias e a mudança do mindset de empresas que ainda não acreditam na TD. A ver como essas reações se darão e quem ficará de pé para contar sua história.