Os 3 fatores da Transformação Digital
Como sempre escrevo, a transformação digital das empresas às vezes é mal compreendida. Ela não diz respeito exclusivamente à adoção de…
Como sempre escrevo, a transformação digital das empresas às vezes é mal compreendida. Ela não diz respeito exclusivamente à adoção de ações no meio digital, integração multiplataforma ou outros temas que se restringem à venda de produtos e serviços e interação com o público.
Na verdade, a transformação digital se baseia em algo muito mais profundo: uma mudança na forma como as empresas planejam, desenvolvem e executam suas ações. E isso está associado às alterações aceleradas pelas quais o mundo dos negócios vêm passando nos últimos anos.
Essa situação acarreta uma quase completa incerteza sobre o futuro. Em qualquer setor da economia, mesmo os principais players têm dificuldade para identificar como estará o cenário do seu campo nos próximos dois anos ou até períodos mais curtos.
O principal efeito desse cenário é a necessidade de as empresas abandonarem, pelo menos em parte, a formatação de estratégias e adotar a agilidade como pilar da sua atuação. Essa postura tem ganho cada vez mais adeptos, entre eles Michael Wade, diretor de Transformação Digital da Cisco, professor no IMD e autor de um dos melhores livros de TD: Orchestrating Transformation.
À frente de algumas das mais inovadoras estratégias de transformação digital do mercado, Wade define essa chamada agilidade como a combinação de três fatores: ‘hiperconsciência’, tomada de decisões informada e execução rápida.
A hiperconsciência é, nas palavras do especialista, “a habilidade da empresa em detectar e monitorar mudanças no seu ambiente de negócios”. Ou seja, ela consiste basicamente na capacidade da companhia captar as mudanças aceleradas do mercado de maneira que possa responder a elas no menor espaço de tempo possível. E claro, isso passa tecnicamente por como a empresa lida com os dados que tem.
E os dois fatores seguintes correspondem à maneira como tal resposta será dada. Em primeiro lugar, as decisões têm que ser tomadas com o máximo de informações à disposição. Para isso, devem ser empregadas as métricas mais avançadas, bem como softwares de inteligência artificial para depuração e análise de grandes bases de dados coletadas pela empresa.
Ao seu lado, está a rapidez na execução das ações. É o conceito fail fast, isto é, novos produtos devem ir ao mercado para uso do público o quanto antes. Com isso, seus problemas são observados em cenários reais, permitindo que as falhas sejam corrigidas facilmente. Por isso é que a formulação de grandes estratégias e planos não é mais uma exigência antes de um lançamento ou da adoção de medidas por uma empresa.
Ou melhor, para Michael Wade, “a função tradicional da estratégia está morta”. Ela não pode mais ser um documento fixo que rege todas as ações da empresa. Pelo contrário, precisa estar em constante adaptação, possibilitando que a própria empresa se adapte às mudanças no seu entorno.
Mas talvez a grande pergunta que fica com essas discussão é como as empresas estão se preparando para isso? Do que vejo, mal estamos acompanhando KPIs e ligando a OKRs. Sendo que o para que essa adaptação proposta fosse uma realidade além de trabalharmos cada vez mais com uma quantidade massiva de dados para tomar todas as decisões, também deveríamos estar nos planejando e testando como vamos planejar, monitorar e refazer os orçamentos, previsões e estratégias que normalmente são de ciclo anuais.
Como tudo que diz respeito à transformação digital, dar esse passo é algo incrivelmente desafiador, que exige pessoal qualificado, uma chefia aberta a mudanças e, como vimos, vasto conhecimento sobre o estado do mercado e recursos de coleta e análise de dados. E isso tudo gera muito debate. Sem dúvida, é um tema que quanto mais chegamos perto, mais vemos que o trabalho e a quantidade de mudança de visão em relação a administração das empresas aumenta.