Por dentro da cultura corporativa da Netflix
Volto hoje a escrever nesse espaço depois de um período afastado. Meu objetivo é compartilhar um pouco da minha experiência, falar sobre…
Volto hoje a escrever nesse espaço depois de um período afastado. Meu objetivo é compartilhar um pouco da minha experiência, falar sobre inovação, transformação digital, cultura corporativa e dar a minha visão sobre o que de mais importante tem acontecido no mercado.
Já que falei em cultura corporativa, vou tratar nesse texto de volta sobre a Netflix e o grande impacto que as mudanças em sua política de Recursos Humanos causou em todo o mercado, especialmente em empresas de tecnologia e startups, mais abertas a esse tipo de modificação.
A reinvenção do RH pela Netflix foi tema de muito estudo nos últimos anos. Ele é extensamente explicado em uma apresentação de PowerPoint desenvolvida pela empresa e que se tornou uma espécie de texto sagrado para quem deseja renovar suas ações de recursos humanos, tendo sido visualizada milhões de vezes na web desde sua divulgação ( segue o link).
Em linhas gerais, a política da empresa se baseia em cinco pontos fundamentais, elencados por Patty McCord, diretora de RH da empresa na época da instauração dessa política, em artigo para a Harvard Business School. Eles todos giram em torno do conceito da responsabilidade — dos funcionários, dos gestores, dos líderes.
Em primeiro lugar, a Netflix busca contratar e manter em seus quadros apenas quem tenha comportamento “totalmente adulto”. Isso significa selecionar somente pessoas que agem sempre no melhor interesse da empresa, buscando os melhores resultados ao menor custo sem que, para isso, seja necessário seguir cartilhas de comportamento ou exigir burocracias desnecessárias, por exemplo.
O segundo ponto é falar sempre a verdade sobre o desempenho. Gestores não devem criar planos de desenvolvimento ou realizar longas reuniões para discutir a performance de cada membro da equipe. O melhor é ser franco, dispensar quem não entrega o nível de resultado esperado e aqueles que já não servem mais à empresa, por falta de habilidade ou mudanças tecnológicas.
Esses dois pontos levam ao terceiro: é dever dos gestores criar equipes de alto nível. Para isso, devem focar suas contratações nos melhores nomes para cada uma das vagas abertas e incentivar o cumprimento de metas e objetivos dentro da política da empresa. Seu propósito deve ser um só: cercar-se de profissionais do mais alto nível para entregar resultados de excelência.
Por sua vez, o ponto número quatro diz respeito aos líderes da empresa, que devem ser os primeiros a seguir e moldar a cultura da Netflix. Se os valores da companhia são responsabilidade e eficiência, o líder deve ser o primeiro a cumprir com eles, privilegiando e premiando aqueles colaboradores que percorrem o mesmo caminho.
Por último, as ações da Netflix também englobam os próprios profissionais de RH. Organizar confraternizações, distribuir brindes e outras ações típicas são dispensadas se não significarem nada mais do que apenas um agrado às equipes. O enfoque dos recursos humanos deve ser espalhar e perpetuar a cultura da empresa e mostrar os fins do seu trabalho, por que motivo eles fazem o que fazem para que todos ao longo da hierarquia da empresa compartilhem do mesmo propósito.
Essa é, resumidamente, a inovadora política de Recursos Humanos da Netflix e que tem sido implementada em muitas outras empresas recentemente. Na próxima semana, vou dar minha opinião sobre ela e os efeitos práticos da sua utilização.