Tire o ego da vitrine
Há duas semanas, publiquei um artigo tratando sobre o social commerce, ou seja, as oportunidades que as redes sociais abriram para as…
Há duas semanas, publiquei um artigo tratando sobre o social commerce, ou seja, as oportunidades que as redes sociais abriram para as marcas e as tendências deste mercado para o futuro. Encerrei o texto apontando que o desafio principal das empresas que querem se valer de plataformas de interação para atrair clientes era saber exatamente onde estar presente para potencializar os ganhos e não desperdiçar recursos de marketing em ambientes que os seus consumidores preferenciais não utilizam.
Esse ponto é mais importante do que parece à primeira vista e muitas marcas no Brasil seguem cometendo erros. Hoje em dia, com a proliferação de redes sociais e o senso comum afirmando que elas constituem boa parte do nosso futuro — batendo papo com amigos, procurando emprego, fazendo negócios etc. — muitas companhias tendem a achar que é necessário estar presente em todas as redes sociais possíveis e imagináveis ao mesmo tempo.
Recentemente, um artigo publicado na Shopify tratava exatamente sobre esse tema e trazia uma fala muito interessante de Nate Checketts, fundador da grife de moda masculina Rhone, a respeito do assunto: “O varejo está repleto de ego. As pessoas adoram dizer ‘ah, nós temos lojas em Tóquio, Paris, Nova York, Londres’. Quando pensamos como marcas que vendem diretamente para o público estão lidando com isso, vemos que elas são muito mais orientadas por dados”.
Essa é a chave da equação, mostra o artigo: colocar os dados acima do ego e ser capaz de determinar, com base em pesquisa e análise feita por profissionais de extrema competência, em quais canais o seu público está, onde é possível agregar valor à marca e onde o seu dinheiro em propaganda será mais bem investido.
Para além disso, as marcas precisam ser capazes de fazer com que cada local em que a empresa está presente — loja física, site oficial, perfis em redes sociais — seja altamente relevante e tenha diferenciais em relação aos demais pontos para que seus clientes que preferem aquele meio específico sintam-se motivados e seguros a comprar utilizando funcionalidades adaptadas ao ambiente.
Neste sentido, podemos perceber que conceitos atualmente tão comentados como omnichannel ou multichannel não necessariamente significam que a empresa precisa se posicionar em todas as plataformas ou mesmo que ela tenha que prover experiências exatamente idênticas em cada um dos seus canais.
O fundamental é que a empresa esteja presente (de preferência, com um trabalho profissional de marketing digital) onde seu público-alvo já está. De nada vale, por exemplo, que uma companhia de planos de saúde anuncie no Snapchat, uma rede social basicamente acessada por milennials. Ou que uma editora de livros infanto-juvenis baseie a campanha do seu novo lançamento em e-mail marketing.
Os exemplos acima são absurdos e tal grau de amadorismo é quase inimaginável (ainda que tenham empresas dando chutes tão no escuro quanto esses), mas os detalhes mais profundos que farão toda a diferença para determinar a estratégia de uma companhia só serão acessados com muito big data. E nada daquele ego inflamado que estamos tão acostumados a encontrar no mercado e que só vai exigir mais braços para tocar ações que darão pouco resultado e aumentarão os custos para a empresa.