A parcela humana na transformação
O termo Transformação Digital traz em si um sentido de adoção de novas tecnologias, digitalização de processos e mudanças na rotina e no…

O termo Transformação Digital traz em si um sentido de adoção de novas tecnologias, digitalização de processos e mudanças na rotina e no funcionamento das empresas. No entanto, a TD é, fundamentalmente, um processo humano e que envolve profundas alterações na maneira como a empresa se relaciona com seus funcionários e como eles encaram as companhias.
É por isso que o artigo da PwC que abordei na semana passada destacava como um dos princípios para uma transformação digital bem-sucedida o engajamento de colaboradores e o florescimento de uma nova cultura organizacional na empresa, voltada aos novos preceitos que passarão a ser defendidos e empregados pela companhia.
Sem isso, nenhum processo de TD é minimamente possível, pois ela é uma mudança tão radical sobre a forma como uma empresa funciona que sem a participação ativa de cada um dos empregados seus objetivos não poderão ser alcançados. E para conseguir engajar o corpo de funcionários em prol da transformação digital são necessários três fatores: planejamento, abertura ao contraditório e capacidade de responder às demandas que surgirão.
Em primeiro lugar, a companhia, na figura dos responsáveis por tocar a transformação digital, deve identificar as potencialidades dos colaboradores, quais aspectos da TD as equipes já dominam e onde é preciso investir mais em capacitação.
Também é importante destacar que, nesta fase, avaliações rasas baseadas sobretudo na idade dos funcionários são extremamente perigosas. Como já disse, a TD levanta questões tão profundas sobre a empresa que a presença de pessoas de diferentes gerações e backgrounds tende a ser muito valiosa.
O segundo fator se encaixa exatamente neste sentido. A companhia pode contratar uma consultoria especializada em transformação digital ou selecionar seus melhores profissionais para capitanear essa tarefa tão importante, mas não deve descuidar um momento sequer de dar espaço para que todos os funcionários participem das decisões e discussões sobre o tema.
Estar aberto a ouvir críticas e sugestões de quem vai operar e lidar diretamente com as mudanças postas em prática é essencial. Os insights de funcionários, menos daqueles menos familiarizados com os novos recursos que serão implementados, devem ser a base para as ações da companhia.
Além disso, a sensação de que sua opinião conta neste processo é crucial para que o colaborador se sinta motivado em abraçá-lo, mesmo que isso implique em alterações enormes em sua rotina de trabalho, algo que a maioria das pessoas demonstra forte resistência em mudar.
Por fim, é preciso que a empresa faça valer essa sensação transmitida aos funcionários e ajustar suas ações caso identifique problemas e questionamentos que se repetem e podem constituir um entrave ao processo que não havia sido percebido na fase de planejamento. Para isso, é preciso que a TD esteja estruturada de maneira simples e ágil para responder rapidamente às demandas dos empregados e garantir o sucesso dessa empreitada.
Mais do que isso: serão esses ajustes os responsáveis por aumentar a relevância da TD e, no fim das contas, garantir a mudança na cultura organizacional, deixando-a voltada para o atendimento dos interesses dos clientes, objetivo maior de qualquer transformação digital.